Sinto-me como espectadora da minha própria vida. Assistindo um filme ruim, sem fim e com péssimos atores. Não consigo me mover enquanto o mundo gira, enquanto as estações mudam, enquanto o sol se põe. Continuo morando na minha mente, onde os sonhos são eternos, onde o amanhã é sempre melhor, onde tenho quem e o que eu quero.
Existe um manual pra pôr o imaginário no plano do real? O que é real pra mim, afinal? Crescer, estudar, batalhar por uma coisa que nem sei se quero? Queria ser astronauta pra viver no mundo da lua. Queria ser piloto de avião para ter um destino específico, saber pra onde vou. Mas sou apenas esse todo confuso, separada em partes. Meu filme é fragmentado, meu filme é renovável, meu filme não tem enredo premeditado.
Ultimamente tenho desejado exageradamente uma máquina do tempo. Sei dos efeitos do meu desejo, sei que é errado ficar presa ao passado, mas eu preciso dessa máquina do tempo. Só pra não morrer de culpa, pra não morrer por causa de assuntos não resolvidos.
Já vi em filmes os efeitos das máquinas do tempo, primeiro em "Efeito borboleta" Evan tenta consertar a todo custo o que fez á sua amada, contudo suas tentativas não obtém sucesso, ele sempre acaba metendo os pés pelas mãos. Sempre haverá consequencias nos atos e por mais bondosos que sejamos em nossas intenções, no final a falha e o erro são iminentes. Em "De volta para o futuro" as consequencias também são desastrosas, por mais gargalhadas e diversão que proporcione á nós. Em " o homem do futuro" então nem se fala, o protagonista acaba por envolver-se num conjunto de fatos desastrosos gerados por sua projeção num futuro melhor para si, gerando mais e mais frustração.
Tudo que eu consegui hoje em dia foi isso: frustração. Minhas intenções foram boas, meus sentimentos mais ainda, porém tudo que eu consegui foi navegar na minha própria incerteza deixando-me levar pelo meu coração. Por isso quero uma máquina do tempo, quero mudar certos eventos do passado não tão distante, quero salvar uma pessoa da minha total ignorância e egoísmo assim como em "Efeito Borboleta" quando Evan volta ao tempo e separa os destinos dele e de sua amada Amy. Mas eu sei que isso não é possível, não cientificamente, talvez no plano do imaginário. Enquanto isso eu busco explicações, busco segundas chances, e encontro frustrações, desejos que não batem com os meus. Sempre pensamos no "e se...", e se eu não tivesse feito um simples ato que para mim era comum, esse evento não existiria, muito menos esse post.